Como muitos dos livros que eu leio não guardo para ler de novo, principalmente os livros de não ficção, em especial os de auto-ajuda, sinto a necessidade de guardar anotações sobre o que eu penso deles enquanto estou lendo.
Este tipo de leitura também requer um tempo de reflexão entre um capítulo e outro. Então mesmo que seja pouco mais de 100 páginas, acho importante ler um pouco por dia e demorar 20 a 30 dias para finalizar a leitura.
Geralmente fazia as anotações em um caderno, mas pouco tenho utilizado disso, mais para anotar citações que gostaria de ler de novo. Então vou fazer estas anotações aqui, parecido com as que faço para as revistas que leio.
Este não é um blog de maternidade, mas a maternidade me abriu uma série de sentimentos novos. Vejo comentários sobre alguns livros que as pessoas não conseguem se ver no lugar da mãe, não se apegam aos personagens. E isso é tipicamente o comportamento de pessoas que não tem filhos, adolescentes ou jovens adultos que optaram conscientemente por não ter filhos. Essa capacidade de se colocar no lugar da mãe e da criança numa obra de ficção e tentar entender os sentimentos de cada um dos personagens, você só consegue entender depois de viver a experiência da maternidade/paternidade (o que não quer dizer colocar um filho no mundo, tá?! Tem muita mãe e pai por aí que não viveu a experiência).
Felizmente sempre fomos adeptos de buscar a felicidades dos filhos sem entregar tudo para eles. Garantindo que saibam tomar as melhores decisões, tenham uma boa compreensão do mundo e se sintam livres para serem o que são. Então, a minha expectativa com este livro estava apenas nas situações que ainda não achamos uma maneira boa de lidar.
Resumindo o livro, a autora divulgou um poema que escreveu cujo título do poema se tornou o título deste livro. Ao longo do tempo, algumas pessoas, ávidas a disseminar o que é bom, distorceram o que a autora trabalha nos cursos de pais que oferecem (o tipo de coisa deveria estar associado a serviço social, mas que no Brasil só existe em algumas igrejas dentro da escola dominical, focado apenas na moral). E cada capítulo do livro trabalha com um verso deste poema, explicando melhor o que a autora gostaria de passar com cada verso.
Acho que um dos conceitos principais é o respeito à criança. Não precisa tratar a criança como um adulto, mas é importante fazer com que ela se sinta notada e participe das decisões que a afetam (mesmo que seja decidir o que vai comer).
Outro aspecto que não damos importância é o nosso medo. Mesmo que seja o medo racional de perder a vida, perder as pessoas queridas, perder a criança, quanto menos a criança perceber esse medo, menor a chance de ela ter seus próprios medos. E não ser ridicularizada por seus medos, mas encontrar meios que ela se sinta segura diante das situações amedrontadoras. Tenho vivência de um pai medroso e uma filha medrosa. Então pude exercitar os dois lados. O pior é que a mesma filha medrosa, também é tímida. Então requer um cuidado muito grande para fazer ela se socializar. Ela precisa de muita ajuda para se adaptar à vida em sociedade.
Também debatemos um aspecto relevante que temos em casa sobre a gratidão. Meu marido sente a necessidade de ser valorizado por seu esforço para a família e sente que as crianças não reconhecem e não são gratas. Estamos tentando uma nova abordagem, sugerida pelo livro de sempre reforçar na entrega que ela representa um esforço para tentar tocar o coração delas.
Outro aspecto que precisamos trabalhar com a mais velha é a questão da culpa. Ela sente muita necessidade de pedir desculpas quando alguém a corrige, e sofre com isso. Mas não percebemos nela o esforço para tentar não errar. E isso não é bom. Estamos tentando entender como podemos aliviar essa "culpa" e de onde ela vem para encontrar outra maneira de lidar com as correções, já que ela precisa ser orientada e corrigida diante de suas falhas.
Em seguida tem capítulos sobre medo, sobre paciência, confiança, elogio, aceitação. O grande medo da maioria dos pais, é tornar as crianças mimadas, ao tentar ensinar a ter amor próprio. Criança é muito dependente de carinho. E dar carinho não quer dizer fazer todas as vontades. Achar este equilíbrio tem sido o grande dilema dos pais. Mas em muitos casos, o que precisa é ouvir e orientar, dar atenção, incentivar para que as crianças encontrem a melhor solução. E sintam a importância do seu papel na família, fazendo parte das decisões tomadas.
Os capítulos finais, talvez sejam voltados para sentimentos que não costumamos nos preocupar muito, mas refletindo um pouco, acredito que seja possível garantir também mais este aprendizado. Falam sobre bondade, segurança, generosidade, reconhecimento, sinceridade e senso de justiça. O problema da mentira é um ponto bem polêmico. Acho que não tem criança que não passe por esta fase de mentir ou omitir para não levar bronca. E a postura dos pais é determinante para desenvolver um mentiroso compulsivo e a quebra de confiança. No dia que você perde a confiança, também perde a capacidade de educar e influenciar positivamente esta criança. Tivemos alguns problemas com o senso de justiça. Cada vez que "as regras" mudavam ao longo do jogo, a criança se sentia traída e se recusava a participar. Foi expulsa de jogos, brincadeiras e até colocada para fora da sala por contestar a autoridade que agia injustamente. E mesmo entendendo o lado da criança e do adulto, não foi fácil que ela entendesse que às vezes a justiça não está em cumprir "as regras", mas em fazer o que será melhor para o grupo. Para eles só existe o certo e o errado, então descumprir um combinado é errado.
Outra coisa que eu me esforço bastante para ensinar é a empatia. Boa parte dos conflitos que as crianças passam, principalmente fora de casa, onde os pais não estão por perto para resolver, ou não podem se intrometer, podem ser resolvidos com a empatia. Procuro sempre pedir para tentar entender o outro lado do conflito e estimular que se posicione diante da situação dentro do contexto da personalidade do outro. E desta forma é mais fácil aceitar o resultado do conflito e imaginar outras soluções. Mesmo que nem tudo fique resolvido, em muitos casos melhora a convivência.
O livro é bem curto e tem muitos exemplos de meia página. Ninguém largaria uma situação para correr para ler e depois resolver o que fazer. Acho que a leitura pode ser uma inspiração para tentar ter o discernimento para tomar a melhor atitude, quando necessário. Intuitivamente sei que escolhi atitudes que inclusive me surpreendem. E este tipo de livro é uma forma de você ter algum "conhecimento" que te ajude a ter a melhor atitude "intuitivamente" quando necessário.