terça-feira, 28 de junho de 2016

Quem eu Encontrei

Não dá pra dizer que eu cheguei em algum lugar ou que eu me conheço. Eu reconheço que ainda sou uma pessoa perdida, um pouco lá, um pouco cá; entre a pessoa que eu acho que eu sou e a pessoa que eu quero ser. Eu convivo num meio difícil e só tenho conseguido sobreviver à base de muita terapia. Eu consigo mais facilmente isolar as minhas preocupações do trabalho e consigo lidar sem tanto sufoco com a minha família. Ainda sim tenho semanas ok e semanas horríveis. Mas não estou completamente longe de problemas. Ainda busco ficar cada vez mais isolada, ainda sinto falta de gente e ainda tenho dificuldade em lidar com as pessoas. Mas considero que sou uma pessoa bem mais tranquila do que eu era antes. Muito tem a ver com a maturidade e muito tem a ver com a terapia. Eu tenho tentado me aceitar melhor e entender a vida como ela é.
Recentemente comecei a ganhar muito espaço na minha vida tirando o que supérfluo. Eu me libertei de alguns propósitos que eu não sabia porque eu tinha. Me libertei de determinados preconceitos que eu não sei de onde vieram. E nos últimos meses passei a reconhecer o meu gosto para roupas, quem diria? Ainda não estou satisfeita com as minhas opções para o inverno e vou precisar comprar alguns itens. Ainda tem algumas partes do guarda-roupa que eu não encarei. Estou com vontade de mudar mais um tanto de coisa de lugar e liberar outros espaços, mas não sei. Sinceramente, não sei. Apesar de me conhecer melhor, ainda tenho as minhas dúvidas.
Eu acompanho vários blogs e canais no youtube que falam de minimalismo e trazem um enfoque muito grande para o armário cápsula. Eu só tentei abrir espaço na minha vida para me conhecer. A maior conquista do ano passado foi descobrir que mesmo retirando muitas sacolas de roupas de casa, ainda tenho mais roupa do que preciso.
Ainda não sei dizer exatamente quem eu sou, mas é muito mais fácil descobrir o que eu devo fazer ou o que eu quero para mim com menos coisa obstruindo a visão. Conforme vou resolvendo o problema de um lugar, vou encontrando outros. E tem horas que eu me sinto afogada de tanta bagunça. E parece que eu devo ter algum TOC por arrumação ou eu sou a pessoa mais desorganizada da face da terra que quer se organizar.
Eu comecei a me desapegar inclusive dos sentimentos que não me faziam bem, das pessoas que a convivência não me fazia bem e dos hábitos nada saudáveis. Eu quero gastar meu tempo com situações boas, com pessoas legais e quero ter compromissos que não me deixe tensa. Almoço na casa dos parentes, principalmente dos meus pais, sempre me deixou tensa. E esse não é o significado de família: pisar em ovos. Aos poucos estou conseguindo escolher os meus compromissos e negar o que eu não quero, apesar dos pesares. 
Ninguém presta atenção no rigor que eu levo a regra da salada todo dia, mas esta foi a regra que eu consigo seguir sem nenhum mal estar. Como a maioria das mulheres, não estou satisfeita com o meu peso; na verdade, com o meu corpo. Dentro do que eu deveria fazer e do que eu estou disposta à abrir mão, esta foi a regra que eu adotei para equilibrar a minha alimentação. E eu preciso destas regras para ter disciplina. Em quase tudo na vida, mesmo que seja uma regra fraca.
Eu me desapeguei dos desafios de leitura, maratona literária e etc porque não estava conseguindo aproveitar as minhas leituras. Também tenho furado as minhas listas de leitura com uma frequência enorme. E tem horas que eu só quero dar um fim nos meus livros. Finalmente estou avançando nas leituras que estavam paradas: entre livros meus que comprei há muito tempo, entre os livros que eu tenho no computador há muito tempo, e entre os livros que listei para ler e não tenho de nenhuma das duas maneiras. E ok, não vou cumprir metas, ainda demora muito para acabar, mas tenho progresso. Penso que daqui a alguns anos vou poder ficar remoendo o que mesmo eu vou ler.
Eu me desapeguei de muita coisa. Mas eu ainda vejo tantas oportunidades de melhoria... Ainda vejo tantas coisas que eu faço que eu sei que poderia passar sem. Ás vezes dá até vergonha de contar, mas me parece que faz parte do processo. Não me vejo adotando determinadas condutas e estilos de vida. Será que vai ser sempre assim?

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