A minha vida caminhou naturalmente entre a adolescência e a juventude até que, ao terminar a faculdade e começar a trabalhar percebi que tinha ficado alguma coisa para trás e voltei para a faculdade na esperança de fazer uma pós. Isso não é nada de extraordinário, mas ao invés de mudar o estilo de me vestir de estudante para o estilo social das empresas, voltei para o modo estudante e deixei o modo social guardado. Neste meio tempo engordei e emagreci. (E já estou divagando, vou chegar nos sapatos...) Em 2007, quando voltei a trabalhar, boa parte das minhas roupas sociais ainda cabiam em mim, mas 6 meses depois, não mais. Os sapatos que ficaram guardados, ainda usei por um tempo, mas eu pegava ônibus, tomava chuva, precisava andar bastante... E o protocolo exigia social, sapato fechado e com salto. Comecei a fazer academia, precisei de um tênis. As minhas sandálias "de balada" não dava para trabalhar. As sapatilhas e sandálias de ir para a faculdade que eu poderia usar em casa e aos fins de semana, acabavam guardadas que eu ficava mesmo descalça. E eu fui me virando com o que tinha. Quando precisava jogar algo fora, comprava um item substitutivo do jeito que achava, trouxe um tênis dos Estados Unidos quando viajei, ganhei chinelos em três casamentos que fui. Eu não sabia do que eu precisava, mas comprava o que eu achava que ia resolver meu problema. Algumas aquisições foram boas, outras eu não sei dizer se valeram o uso. Então fiquei grávida, aboli os saltos e não quis pensar em mais nada. Três anos depois, comecei a rever tudo o que tinha e já acabei com um tanto de sapatos.
Não é que os sapatos sejam porcaria, nem que eu tenho pé de gancho e detono em cada uso. Eu sou cuidadosa. Mas eu preciso andar de um lugar a outro e não dá pra ficar carregando sapatilha na bolsa e ir trocando. É o desgaste natural dos materiais, somado ao meu ritmo de andanças e o tempo que ficaram guardados. Uma das botas estava na caixa e o couro (sintético) rachou inteirinho quando peguei para usar. Um dos sapatos aconteceu isso por dentro e foi se desmanchando no meu pé com o suor. Outro perdeu a pastilha do salto (rachou de guardado) e não tinha conserto. Mais um, deu bolha na sola do pé pelo atrito ao andar. E a outra botinha, como prefiro aquelas solas de borracha costuras e bem macias, acabou furando no bico, a parte de maior atrito.
Neste último ano, uma das coisas que acabei organizando junto com as roupas, foram os sapatos. Voltei a usar alguns que estavam parados e descobri um pouco mais sobre o meu estilo. Confesso que pensei em comprar dois para substituir os três que eu descartei, mas creio não ser necessário, acabei ganhando estes dois da mesma pessoa que comprou para si mas não vai usar. Depois lembrei que estes 3 que descartei, comprei no mesmo dia, para trabalhar, na companhia da minha irmã. As escolhas que eu faço quando compro com outra pessoa (principalmente se for a minha irmã) não são escolhas que eu faria se estivesse sozinha. E não quer dizer que não gostei, pelo contrário, gostei bastante. Uma das botas, substituí por um ankle boot. A de cano alto não pretendo comprar outra por enquanto. Principalmente porque agora só tem aquelas over knee. Mas acabei comprando uma de cano médio com salto baixo. E a outra, vou tentar consertar uma vez antes de descartar, mas posso viver sem.
Ainda tenho sapatos parados no meu armário, principalmente sandálias e sapatilhas, mas estou cada vez mais convicta que não posso deixá-los parados que só vão estragar. Estes sapatos que não repus, vou considerar desnecessários. Vou continuar testando e experimentando os sapatos que tenho guardado e usá-los até o fim. Vou substituir numa quantidade adequada, e vou manter estes em uso. Neste caso, a minha preocupação minimalista não está em ter cada vez menos e usar pouca coisa, não está em ocupar pouco espaço. A minha preocupação é não contar com um sapato e tirar do armário para usar para depois ficar descalça na rua. A minha preocupação é não tentar substituir um sapato porque o outro acabou e ficar usando um sapato que eu não sei se eu gosto, porque eu acho que eu preciso e no fim perceber que não tem nada a ver comigo e eu achei que queria.
É um exercício de paciência. Já descartei muita coisa e sei que estou perto da quantidade ideal, mas ainda preciso cuidar um pouco mais. Querem ver um inventário de sapatos? Vou pensar no assunto.
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