terça-feira, 2 de novembro de 2010

Moby Dick

Assim como Pinóquio, Peter Pan, O Mágico de Oz, Os Três Mosqueteiros e Alice no País das Maravilhas, esta é uma obra que costuma ser lida na infância. Mas eu não li. E também não queria ler obras adaptadas. Confesso que a minha relação com estas obras infantis é meio estranha. Este tem sido um ano com muitas leituras atrasadas e esta foi mais uma ou a primeira do ano!
Em Moby Dick é narrado o dia-a-dia de uma tripulação de uma baleeira, cujo maior objetivo é encontrar e matar a baleia conhecida com Moby Dick. O personagem narrador descreve o cenário e a rotina que ele encara para ser aceito como tripulação, a busca por embarcações que estivessem contratando marinheiros, a convivência com os colegas, inclusive seu colega de quarto muito estranho e assustador, as intermináveis esperas em terra e as infinitas histórias contadas a bordo enquanto em busca da maior e mais traiçoeira baleia que já destruiu tantas embarcações. Eles vão percorrendo de norte a sul e de leste a oeste todos os limites de existência de baleias. E não se contentam apenas em caçar baleias, a intenção é capturar Moby Dick. A quantidade de marinheiros mutilados, sem a perna, sem o olho, sem a mão presentes na embarcação...
Em meio às descrições pessoais e das conversas durante as buscas pela baleia é possível perceber claramente que o objetivo é o desafio. Não faz parte da lógica apenas no sentido da vingança. O capitão não tem limites em sua obsessão pela captura de Moby Dick. Lá, cada um tem seu objetivo e inclusive muitos são mercenários, estão na profissão apenas para a remuneração.
Atualmente, diferente da época em que foi escrito, existe uma preocupação muito grande em torno da preservação do meio-ambiente e da preocupação com a caça predatória pelo risco de extinção de espécies. Aparentemente, esta atividade foi considerada uma atividade nobre e os profissionais envolvidos eram admirados por sua coragem. Diferentemente hoje, esta seria uma profissão marginalizada. O Greenpeace cairia em cima.
Isso foi algo impressionante para mim. Não acho que a obra tenha perdido o seu valor literário, mas acredito que o impacto que causa já não é o mesmo pela mudança do contexto atual.
Não tem nada a ver, sei que é um exemplo idiota, mas o filme "Free Willy" coloca a baleia como heroína e acabamos por torcer para a derrota dos caçadores. Isso por que o objetivo em Free Willy não é matar a baleia, e sim mantê-la presa. Em Moby Dick, a baleia é o bandido, é o ser mal que já destruiu embarcações, aleijou e matou tantos marinheiros e deve ser eliminada. É uma mudança de paradigma. Mas não é uma leitura muito agradável pelas descrições do ódio e da sede de morte.
Eu diria que Moby Dick é uma leitura clássica recomendada a qualquer momento. Para crianças, sugiro as obras adaptadas e mais curtas. Lembrando que pode ser uma das leituras indicadas em escolas. No meu caso, me abriu a mente. Trouxe uma nova percepção da preservação: a preservação humana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários, sugestões e críticas são bem vindas desde que feitos com educação. Obrigada por deixar seu comentário.