terça-feira, 30 de novembro de 2010

O Homem Invisível

Ultimamente, a minha vida pessoal e profissional está bastante atribulada. E eu tenho tido muito trabalho. Então, por mais que tentasse, foi muito difícil ler nos últimos meses. Especialmente em novembro. É claro que não faltou assunto para o blog porque a mina lista de leitura é grande. Mas este foi um mês atípico.
Um dos livros que ficou travado foi "O Homem Invisível". Esse livro eu nunca tive vontade de ler, mas a única edição de "A Máquina do Tempo" que eu achei vinha com "O Homem Invisível" junto. Esse deve ser o primeiro motivo. O segundo provavelmente é por que era em inglês, que normalmente é mais demorado para mim. Também juntou com outra leitura mais complexa que também travou. E ainda os tantos outros problemas de minha vida... Era quase um martírio.
Como em "A Máquina do Tempo, o autor não gosta de explicar muita coisa. O começo é mais agitado, mas também nos deixa mais perdidos. Então começam os diálogos, mas os personagens não falam direito. As palavras são todas comidas. Tudo bem, é linguagem falada ou até mesmo dialeto, mas olha este trecho:
"And that he turned and hurried down to her. "Janny", he said, over the rail of the cellar steps, "'tas the truth what Henfrey sez. 'E's not in uz room, 'e ent. And the front door's unbolted.""
Então do meio para o final, o Homem invisível começa a contar a sua história. E ele está amargo e com raiva.
O que eu gosto nas obras de H.G Wells é que ele escreve ficção científica mas não é clichê. Tudo bem, talvez eu tenha lido poucos livros de ficção científica. Mas foi algo que eu gostei. Nesta obra, os personagens têm nomes (embora eu tenha me perdido com eles várias vezes). E outra coisa que eu gostei foi que demorei para descobrir se o homem invisível era "do bem" ou "do mal". O tempo todo ele era julgado por só verem a parte boa ou só a parte ruim da situação (ser invisível).
Resumindo, aparece na cidade um homem misterioso e todo enfaixado, depois a população da cidade fica tentando descobrir qual é o mistério e descobre que ele é invisível. Então começam a perseguir ele como um criminoso, mas que crime cometeu?!
E ele vai fugindo e procurando ajuda. E eu ficava tentando entender se ele queria voltar a ser visível ou só escapar de ser perseguido.
Estou quase declarando greve de leitura até que eu me sinta melhor. Analisando com calma, muito provavelmente vou precisar ler ele de novo. Não sinto que eu tenha concluído. Para quem gosta de Sci-fi, eu recomendo não só esse como todos os livros de H.G. Wells. E uma dica que sempre funciona: filmes que são baseados em livros, ou o livro é muito bom, ou vendeu bem. Se você gostou do filme então, a chance de gostar do livro é ainda maior. Eu sempre prefiro testar, e poucas vezes me decepciono.

sábado, 20 de novembro de 2010

A Princesinha de Hollywood

Eu não esperava entrar neste assunto, mas verá que o foco principal continua sendo livros.
Uma coisa muito característica dos livros adolescentes da Meg Cabot são os diários. E mais especificamente as listas. A Mia de "O Diário da Princesa" quase que semanalmente faz uma lista do tipo "os dez mais" com as amigas e depois coloca em seu diário.
Em "A Garota Americana" também. Samantha vive fazendo listas, Mas quase todas as listas envolvem sua irmã Lucy, seu namorado David, o namorado da irmã ou a Gwen Stefani.
Sempre achei muito imbecil isso de listas e rankings. Não me lembro de alguma vez ter feito uma. E muitas vezes, nesses livros da Meg eu pulava essas listas por que não acrescentam nada para a narrativa da história. Só mostra quais são os pensamentos mais ativos e totalmente inúteis da cabeça dessas meninas.
Mas um dia eu fui pega de jeito pelas listas.
A atriz preferida de 8 entre 10 garotas é Audrey Hepburn em "Bonequinha de Luxo". Mesmo sabendo que a personagem é uma prostituta. Está lá, nos livros, nas listas, nos filmes preferidos de sábado à tarde.
Sabe quem encena o drama que é a vida de Blair, de "Gossip Girl"? A mesma Audrey. É considerado o personagem mais glamuroso. Mais pra frente tem um livro da série em que Blair e Serena disputam para fazer a encenação de "Breakfast at Fred's", uma releitura atualizada de "Breakfast at Tiffany's" ( o título original de "Bonequinha de Luxo") na cafeteria da Barney's, Fred's.
É claro que a Serena vence, mas são capítulos referenciando passagens do filme, descrevendo a caracterização da personagem e a Blair mostrando como seria o comportamento da verdadeira Audrey. E ela volta a fazer isso tantas outras vezes...
Como eu nunca tinha visto os filmes dela, literalmente paguei pra ver. Comprei o box com os DVDs. O primeiro, é em Preto e Branco, para ter idéia.
As histórias, não sei, não dizem muita coisa. A atriz talvez nem seja tão boa já que parece que são um mesmo personagem. O fascínio, é pela pessoa que ela é.
Estou assistindo na TV ao documentário "A Vida de Audrey Hepburn", produzido e estrelado pela Jennifer Love Hewitt. Bom, eu não gosto dela e não aguento assistir aquela série dos fantasmas. Mas no documentário dá pra ver o quanto interpretar a Audrey é como interpretar a Holly, ou talvez seja sempre a mesma pessoa/personagem. A mãe dela é um personagem muito importante na vida de Audrey. E eu a adorei.
Se não fosse a Jennifer Love Hewitt, eu diria que o documentário é perfeito.
Os filmes que eu tenho, não assisti todos, falta "Guerra e Paz", são muito bons para entender essa fixação das adolescentes pela Audrey em "Bonequinha de Luxo". Acho que esse foi o primeiro filme que eu assisti porque estava citado em um livro.
Os filmes de Audrey sempre vão ser clássicos. Só que eu ainda não fechei a corrente. Falta ler o livro que deu origem ao roteiro de "Breakfast at Tiffany's".
Acho que não tem como dissociar as duas pessoas. Audrey sempre será Holly. E antes que me perguntem, o autor criou a personagem e disse que ela é uma prostituta, mas na verdade ela só é uma garota à procura de um bom partido para casar. Hoje, isso não seria sinônimo de prostituta. Só de interesseira. Eu tinha pensado isso quando vi o filme e a própria Audrey diz ao diretor no documentário, embora ele diga que ela é uma prostituta, para ela é apenas uma mulher querendo uma vida melhor.
Ah, uma coisa que eu achei muito legal no filme é que um dos bons partidos é brasileiro. Não tem cara mas tem nome de brasileiro.
"A Princesa e o Plebeu" e "Sabrina" não têm nada de excepcional, mas são bons. Vale passar o tempo assistindo.
"Guerra e Paz", como eu disse está na fila, ainda não vi.
"My Fair Lady" eu não tenho.
Já "Cinderela em Paris" não dá. É um estilo de comédia diferente. Tem que ter mente aberta para ver.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Campeonato 2010 de Fórmula 1

Eu disse que não ia ficar falando, mas eu não resisto. Eu gosto bastante e, embora não tenha ido assistir o GP Brasil esse ano, não perdi pela televisão a prova do Brasil e a última prova nos Emirados Árabes. Eu disse que não sabia para quem torcer. Confesso que não tinha favoritismo algum por Alonso. Também não esperava grande coisa do Hamilton. Então restava torcer pela Red Bull, mas nunca pus muita fé neles. Preferia poder torcer pelo Massa ou pelo Button. Eu torceria mesmo pelo Rosberg. Ele tem dado um baile no Schumacher que é o todo poderoso Schumacher.
Depois que o Vettel declarou que a partir do GP do Brasil, ele e o Weber não poderiam mais serem amigos eu quis mais é que o Weber ganhasse, mas seria uma pena para eles. Ambos.
O Galvão Bueno falou muito durante a transmissão que era uma vitória do esporte. Um campeonato decidido na pista, sem jogo de equipe, e o melhor: os 7 pontos que o Alonso ganhou porque o Massa o deixou passar não fez a menor diferença na decisão.
Bom, não tenho nada contra o Vettel ser campeão. Vale dizer que ele errou muito mas também fez corridas maravilhosas tanto ano passado como este ano. Não que o Weber também não merecesse, mas o Vettel foi genial em várias provas. Ele foi muito aplaudido e parece ser muito querido entre os pilotos. Talvez não tenha o respeito que o Weber tenha como representante dos pilotos, mas tanto o Button como o Hamilton aplaudiram-no bastante no pódio. Sinal que reconhecem o seu mérito.
A perspectiva apresentada é de um campeonato ainda mais competitivo e disputado no próximo ano, mas ainda é uma vergonha que uma equipe nova consiga terminar todas as 19 provas sem marcar 1 ponto sequer, mesmo permanecendo na pista até o final. Antes, em provas com muitas quebras e acidentes, era possível aparecer um piloto vindo de trás, com um carro inferior, disputar as primeiras posições e até roubar uns pontinhos. Mesmo hoje valendo pontos para os 10 primeiros ao invés dos 6, 3 equipes terminaram o campeonato com 0 pontos. Nem na época da Minardi ou da Forti-Corse. Gostaria também de um alento para essas equipes poderem crescer e serem competitivas na Fórmula 1, ou continuará sendo uma disputa entre a Ferrari, McLaren e a Red Bull. Willians, Renault, Mercedes, Toro Rosso e Force India não competem neste grupo.
Vamos esperar que nessas férias do campeonato, todas as trocas entre motores das escuderias, e as parcerias e patrocinadores e todas as trocas de pilotos realmente tragam mais competitividade ao campeonato para ano que vem. E que a politicagem faça menos diferença nas escolhas.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Apareceu a Tartaruga

Nem todo mundo reage da mesma maneira. Mas eu tinha uma aversão muito grande com pessoas fantasiadas de animais (mesmo que fosse o Mickey) e de personagens que fossem animais com atitudes humanas. Então você pergunta: "E aí, não teve infância?!"
Digamos que eu sobrevivi, e a muito custo me acostumei com a ideia. Enquanto criança, eles me pareciam monstros. Até separar realidade de imaginação foi bem conturbado.
"Então por que você vem falar de tartaruga?"
Bom, como contei no começo, o nome velocidade de tartaruga foi inspirado na fábula do coelho (ou lebre) e da tartaruga que apostam corrida, mas o coelho resolve descansar já que estava muito na frente, cai no sono e a tartaruga o ultrapassa e vence a corrida. A moral não vem acaso. E a grande maioria das fábulas é com animais e poucos humanos. Comparei o diário de leitura com a velocidade da tartaruga por que a evolução é lenta, e não tem como acelerar. Mas eu consigo ir longe se caminhar (ou ler) sempre um pouquinho e não ficar voltando.
Lembro que meus pais sempre me acharam muito devagar e diziam que eu era uma tartaruguinha da patinha quebrada. Ainda bem que essa fase passou, mas a lembrança veio forte quando pensei num título para o blog. Achei que expressava bem o que eu pretendia fazer. Então não tinha como fugir.
Bom, agora estou oficialmente aceitando a alcunha de tartaruga embora pareça bastante inusitado e controverso porque vou receber também a visita de outros colegas de mobilidade reduzida. Estou aguardando que resolva qual alcunha irá usar. A ideia da parceria é dividir percepções sobre leituras, como eu venho fazendo e comentar assuntos em geral mas que envolvam belas histórias já que não necessariamente lemos os mesmos livros e/ou temos a mesma percepção de um determinado assunto.
Provavelmente, em alguns momentos, editarei post para acrescentar um novo ponto de vista destes colaboradores.
Caso tenha interesse em participar também, mande-me um e-mail. E seja bem vindo!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Um Estudo em Vermelho

Este é descrito como o primeiro caso de Sherlock Holmes com a parceria com o Dr. Watson. Dr. Watson começa contando como foi servir nas forças inglesas no oriente, quase morreu por inanição e falta de cuidados médicos (ironia do destino, não?!) e foi dispensado para se recuperar.
Em seu retorno à Inglaterra, sua renda era pequena e já não tinha para onde nem para quem voltar. Nisto, acabou sabendo de uma pessoa que procurava com quem dividir um imóvel. E ao conhecer essa excêntrica pessoa, Dr. Watson começa a se envolver nas fabulosas aventuras de Sherlock Holmes, o maior perito investigativo com seu inigualável talento em dedução lógica.
Enquanto colegas de apartamento, o Dr. Watson tenta observar e deduzir a atividade de Sherlock Holmes já que este não tem um emprego formal e nem é um estudante embora frequente os laboratórios da universidade. Quando se encontraram no laboratório, Sherlock Holmes estava trabalhando numa mistura para detectar a presença de sangue mesmo que muitas vezes dissolvido em água como quando a pessoa altera a cena do crime tentando limpar uma mancha de sangue.
E Sherlock Holmes dá muito valor à pesquisa desde que esta seja útil para suas atividades de investigador particular. Seus dois principais clientes são dois brilhantes investigadores de polícia que algumas vezes têm dificuldade em esclarecer casos diante da mídia e então pedem ajuda para ter maior celeridade no caso.
Com consentimento de Sherlock Holmes, aproveitando-se de suas habilidade médicas, Dr. Watson o acompanha num caso de suspeita de assassinato.
Um trecho muito particular é após a prisão do criminoso. Ao invés da usual explicação sobre a dedução a partir das evidências, começa a narração de um flashback envolvendo assassino e assassinado.
É uma história muito bonita, e também um crime por vingança. O criminoso já esperava ser pego.
E no final, têm as devidas explicações. Afinal, Dr. Watson nunca sabe o que aconteceu e Sherlock Holmes faz questão de explicar embora seja óbvio. O que seria de nós, reles mortais, diante da sabedoria dedutiva deste investigador particular brilhante. Coitados dos criminosos...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Gossip Girl - O Início

Não tem como falar desse livro sem lembrar: "Você Sabe que Me Ama". Eu achava que essa era uma frase da Serena, mas como a GG diz, eles não seriam quem são e ela não teria por que escrever se eles não fossem os queridinhos de Manhattan. Então a conclusão que cheguei é que essa frase é de todos os personagens e muitíssimo usada pelo trio mais do que especial do triângulo amoroso. A proposta do volume 12, O Início, é explicar como tudo começou. E não é que explica mesmo! Ao mesmo tempo, é uma história completa que não depende de ter lido os outros volumes para entender os rolos e conhecer melhor os personagens, já que eles estão sendo apresentados aos poucos. Entretanto, NÃO deve ser lido antes do volume 01, "As Delícias da Fofoca", senão não tem a menor graça ler os outros livros... Por mais entediante que possa parecer ler os 12 livros, façam isso, sem pular e na ordem.
A leitura é muito leve e flui muito rápido. Tem vários comentários maldoso, bastante intrigas e os personagens nunca se abrem de fato. São pessoas inseridas em um meio polêmico e que agem e reagem a esse meio. São adolescentes cheios de malícias e de vícios e praticamente sem nenhuma supervisão dos pais ou professores. É impressionante a liberdade que possuem para suas escolhas. São riquinhos mimados que querem aparecer, chamar a atenção e criar referências. Não sentem culpa ou remorso. A grande maioria deles só pensa em si mesmo.
Você já se perguntou por que eles fumam tanto? Por que Serena foi para o internato? Por que Vanessa raspa o cabelo? Por que Dan vive à base de Folgers (isso é horrível, gente, acredite!) e cigarros e o pai não liga a mínima? E por que o Nate vive chapado e não se decide entre Blair e Serena? Por que Blair pensa que sua vida é um drama e não supera a separação dos pais?
A série de TV é bastante diferente: a Vanessa tem cabelo (e é lindo!), não se veste só de preto, a Blair não é obcecada pelo Nate, tem até uma relação de amor e ódio pelo Chuck (urgh!) e o Dan, bom, ele é limpinho, não tem o cabelo seboso e pegajoso e até é mais maduro.
Tá, confesso que os da série de TV são meus queridinhos. Mas é diferente. Os personagens foram inspirados nos dos livros mas se tornaram independentes rapidamente. A contagem do tempo também é diferente, Se eu não perdi a conta, os 11 livros contam 2 anos e meio desta turma, o que dá aproximadamente 3 meses por livro.
Eu ainda continuei lendo It Girl. Depois tem a série The Carlyles que eu não sei se vai muito longe e pode ter algo sobre a mãe da Serena com o pai do Dan na adolescência, não sei o que a autora achou da tentativa de série. Mas ainda tenho muita coisa pela frente. Uma pena que os livros sejam tão caros.
O maior impacto negativo nos livros e que na série de TV foi amenizado é a obsessão por fumar. Já foi moda. Ainda é comum entre adolescentes, mas a forma descrita é impressionante. Será que não devia ser proibido para menores a leitura desses livros? Não sei o quanto impressiona.
Bom, achei que neste livro, muitas daquelas perguntas que coloquei foram respondidas. E muito do comportamento desses jovens pareceu ser justificado. Resta torcer para que esta história não acabe por aqui, seja nos livros ou na série. E cada uma com seu devido charme.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Solidão

Falar de leitura não tem como não falar de solidão. Ler é uma das poucas coisas que só pode ser feito sozinho. Cada pessoa tem a sua velocidade de leitura. Não dá para duas pessoas lerem ao mesmo tempo por muito tempo. Ler em voz alta também requer muito talento para acompanhar a leitura. Funciona para textos curtos. E só. Se você inicia uma leitura em grupo, ela não avança se não estiverem todos disponíveis. Não dá para ler e conversar ao mesmo tempo. Não dá para ler com muito barulho sem que se tire a atenção. Ler é solitário.
Por muito tempo usei a leitura para ficar sozinha. Para pensar melhor. Podia estar com o livro aberto concentrada pensando em outra coisa. É sempre a minha companhia em locais de espera. Para disfarçar a minha total falta de habilidade social.
Depois de um tempo passei a me perguntar se eu gostava de ler para ficar sozinha ou se eu lia para disfarçar a solidão. Eu gosto mesmo de ler ou apenas escondo minha incapacidade de me dedicar a mais nada? Essa foi a pergunta que mais me apavorou a vida toda: "O que você gosta de fazer?" E depois de um tempo, a minha resposta padrão foi sempre: "Eu gosto de ler". Mesmo na adolescência, nunca tive fixação por música. A música que eu mais gosto é o silêncio. Isso me faz voltar para a solidão. Eu leio por que sou sozinha ou eu sou sozinha por que gosto de ler?
Eu não sou sozinha. Eu só gosto de ficar sozinha. Ler me ajuda a organizar as ideias. Gente demais me irrita e eu fujo. Mas mantenho contato com a minha família. Sempre tive amigos com quem conversar, mesmo que poucos. Conheço e converso com praticamente todos que trabalham comigo. E não me falta assunto. Mantenho amizades pela internet. Tenho convites para quase todos os fins-de-semana. Então, o que está errado?
Não tem como fugir da solidão. Nenhuma amizade é intensa eternamente. Você terá sua família junto na infância mas terá que se separar. As pessoas mudam os interesses também. Não dá para um momento feliz ser eterno e depois que ele passa, nunca vai se repetir. Ainda não existe viagem no tempo.
Então você pode ter sempre companhia, mas não deve esperar que sejam as mesmas. Talvez você já não lembre o sobrenome de uma melhor amiga de infância. Talvez já não tenha mais o telefone de um grande amigo. E as coisas vão mudando e você está sozinho de novo.
Então a solidão é eterna? Não sei. Mas quando ela vem, eu sempre tenho um bom livro e quando eu tenho um bom livro na mão sempre quero ficar sozinha para ler.
Cada livro traz uma sensação diferente. Um livro ruim ou decepcionante traz mais solidão. Abandone. Tente retomar em outro momento. Procure algo novo. Diferente da leitura anterior. Leia mais de um livro ao mesmo tempo. Não deixe que um livro te faça deixar de fazer outra coisa que gosta. Não troque pessoas por livros. Veja num livro a companhia para uma hora sozinha. Carregue sempre um com você. Nos piores dias prefira reler um livro que gostou do que procurar algo novo. Empreste seus livros. Compartilhe seu conhecimento. Procure algo bom em tudo o que ler. Descanse. Distraia. Pare nos momentos em que achar que deve só para pensar. Anote suas reflexões ou copie o trecho que mais gostou para reler quando quiser. Abra um livro, espere as letras se embaralharem e pense em si mesmo. Se preferir, vire algumas páginas aleatoriamente para não chamar a atenção em púbico. Visite livrarias apenas para ver os livros que existem. Anote aqueles que quer ler. Anote os livros que te indicarem. Anote os livros citados nos livros que mais gostou. Não tenha vergonha de rir ou chorar com um livro. Quem se importa? Leia, mas não seja só.
Saudade...

O Conde de Monte Cristo


O Conde de Monte Cristo foi de longe um dos melhores livros que eu li em 2010. E sem demagogia porque, embora A. Dumas seja um autor respeitável e esta obra seja um clássico, esse livro não está na moda e nem foi recentemente refilmado. Confesso que ao saber que todo mundo já assistiu ao filme: "O Conde de Monte Cristo" me senti na obrigação de assistir também. Afinal, como fazer 1200 páginas render um filme de apenas 2 horas. Não é um trabalho fácil. Comecei a leitura sem nem imaginar do que se tratava a história, de que época e onde se passava.
Os primeiros diálogos entre o Sr. Morell e Edmond Dantés após a chegada do navio Pharaon com o seu capitão falecido não foi uma boa impressão. Como um jovem de 19 anos recebe a honra de se tornar o novo capitão sem sequer saber ler? Sei que em outros tempos o rapaz era considerado homem com menos idade.
Para muitos, Dantés era um sortudo agraciado com as melhores oportunidades na vida. E também um inocente que confia cegamente na parte boa das pessoas sem conseguir perceber as más intenções. E essa inocência junto a essa sorte gera a inveja e malícia suficientes para Dantés ser acusado de conspirador bonapartista e, para seu azar, para se proteger, Villefort acaba por conveniência encerrando Dantés num dos principais presídios da França: o Castelo de If. Cercado por mar, uma ilha pedregosa, inóspita e de portos inseguros. Na prisão, a vida de Dantés muda completamente. E então, após fugir da prisão, mais de 13 anos depois, Dantés tem a chance de realizar sua vingança, planejada e preparada por todo esse tempo de forma precária.
Após a prisão de Dantés, são inseridos outros núcleos com tramas paralelas que passarão a ser importante para a história. Embora a maioria das pessoas já conheça, não quero contar muito mais para não tornar a leitura chata. Ela já é bastante cansativa sem saber o que vai acontecer. O que mais me prendeu a atenção foi não conseguir imaginar para onde estava indo ou o que ia acontecer ou quem é o fulano e por que estão falando disso. Pouca coisa é fácil de concluir. Teve momentos que cheguei a duvidar do que tinha imaginado anteriormente para futuro da história.
Depois de concluir a leitura, parecia-me que seria possível tirar um tanto bom de páginas. Mas em geral, todas as tramas e passagens são muito importantes para o desenrolar da história e deve ter sido bastante trabalhoso usar tantos personagens. Realmente são muitos.
Comparando com o filme, onde foram cortados mais da metade dos personagens, mudou-se também a profissão de alguns, os nomes, idades, inúmeras outras adaptações tiveram que serem feitas. O mais impressionante é o final. Que é diferente. Mas eu gostei da versão do filme. Achei que combinou mais.
A transformação de Dantés de jovem inocente a vingador frio também é impressionante mas não é apaixonante.
Fiquei muito presa a esta leitura. Em alguns momentos chegava a uma relação de amor e ódio. Odiava saber que faltava tanto para acabar e eu precisava parar de ler, mas queria saber o final da história de tão envolvente que era.
Considero um grande desafio encarar essa obra para ler sem cair na tentação de pular páginas e ir para o final, mas para mim valeram muito as horas intermináveis de leitura.
O filme também é maravilhoso, mas os acontecimentos são muito rápidos depois dos primeiros 40 minutos, que a história fica muito corrida. Tive que assistir em 3 etapas (sério, pus o DVD, assisti um pouco, parei, depois voltei onde parou...) e quando terminei a minha vontade foi voltar ao começo e assistir de novo. Aí fiquei triste por que a história não estava mais tão fresca na cabeça. Queria lembrar melhor do que eu tinha lido.
Depois do livro, fiquei com fixação em conhecer a casa na Avenida dos Campos Elísios, número 30 em Paris. Se alguém puder me enviar uma foto...
Só tenho essa do Castelo de If, onde Edmond Dantés ficou preso.
Castelo de If

domingo, 7 de novembro de 2010

Filmes de Crepúsculo

Meu intuito não é avaliar o filme pois entendo ainda menos do que livros. Minha ideia é sempre comparar os sentimentos que livros e filmes estimulam em mim.
Como "Crepúsculo" virou febre mundial, não me sinto apta a fazer uma resenha. Não sou mega-fã. Mas assim como falei anteriormente, quero contar mais um pouco. A maioria das pessoas provavelmente não concorda com a minha opinião, mas eu já me acostumei.
Bom, primeiro de tudo, preciso confessar que eu sou uma vergonha em matéria de filme. Fiquei 3 anos sem ir no cinema, vou muito pouco, não sou de alugar e se está passando um filme que já começou, prefiro não assistir. Só se conseguir assistir do começo. Então, fale-me uma lista dos 10 livros que mais gostou e provavelmente já li metade e já tenho alguns outros na minha lista de leitura. Mas fale-me de 10 filmes e eu provavelmente só conheço 2, não tenha assistido nenhum e o que assiti já não lembro a história e os demais eu não sei do que se trata. É sério. Pior que já comprei alguns e não consigo assistir.
Voltando ao assunto, resolvi ler "Crepúsculo" depois de assitir o trailer "Lua Nova". É, total fora de ordem. Mas "O Senhor dos Anéis" também foi assim e H.P. idem.
No caso de "Crepúsculo" eu só assisti os filmes semana passada. Muito depois de terem sido lançados e muito depois de eu ter lido os livros. Uma das coisas que eu mais gostei, por ter lido "Sol da Meia-noite", foi a maturidade de Edward que a Bella não percebe. Mas no filme, é difícil dizer que eles são adolescentes. E o que é a voz do Jacob; claro que ele não é um garoto de 15 anos.
A história da pele que brilha como diamante não me pareceu muito boa para o filme. Não ficou tão maravilhoso.
Apenas para não ofender os inúmeros fãs, eu não odeio "Crepúsculo" e provavelmente vou assistir "Eclipse" em breve e talvez até "Amanhecer". Só o tal parto da humana e a alimentação da pequena Reneesmê é repugnante já na leitura. Quero ver o que vira para o filme. As cenas de batalhas em "Eclipse" não me pareceram tão terríveis como essas duas de "Amanhecer", por isso essas duas são as que mais vão importar para mim, para salvar a história. O que não me não me impede de assistir "Eclipse".
Até hoje, depois de assistir "Lua Nova", eu acho que a depressão da Bella foi um tiro no pé da autora. Se alguém continuou a ler depois disso foi pelo carisma do Jacob, por que o Edward pareceu um traidor e a Bella uma fraca. Os tempos são outros, as mocinhas já não podem ser indefesas para serem salvas no final. Hoje, mulheres podem ser as agentes da ação que salva a história, já são parte ativa. E a Bella entra numa confusão que a coloca na forma passiva. No filme ainda pareceu que ela controla mais a situação, mas não me convenceu.
A visão geral que eu tive é que esses filmes não entram na lista dos romances que eu vou assistir inúmeras vezes. Também não entra nas melhores adaptações e nem nas piores. Tiveram muitos pontos positivos, mas faltou um algo a mais que me tocasse.
Por um bom tempo ainda vou dormir pensando na propaganda do Burger King com o pôster do Edward ou do Jacob. Essa propaganda foi ótima!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

GP Brasil Fórmula 1 2010

Total deprimida. Esse fim de semana tem GP Brasil de Fórmula 1 e eu não tenho ingressos.

Esse fim de temporada eu já deixei de assistir alguns GPs. Desde agosto que eu viajei não consegui assistir.
Ir em Interlagos para assistir F1 era um grande sonho de infância. Sei que o ingresso é caro e as condições são precárias. Financeiramente falando, não vale a pena. Mas ano passado eu fui.
Todo mundo fala que já conseguiu ingresso de graça e tal, que conhece o pessoal do autódromo, ou ganhou de alguém que trabalha na Petrobrás. Como se fosse tão fácil. Eu participei de sorteios algumas vezes e não ganhei.
Um colega me ofereceu um que tinha mas desencontrou e não estava mais disponível quando eu consegui falar com ele. Então eu paguei. Não me arrependo.
A maior satisfação foi saber que eu estava bem preparada. Encarei chuva, sol, levei lanche, cheguei cedo para guardar lugar, controlei a quantidade de água para não precisar usar os banheiros químicos. Deixei para comprar a camiseta que eu queria numa hora de pouco movimento. Levei capa de chuva, protetor solar, protetor auricular, máquina fotográfica. Me informei sobre transporte para não precisar estacionar. Compramos a passagem de ônibus de véspera. Enfim, fiz tudo. Menos levar o fone de ouvido para ouvir a narração da corrida pelo rádio.
Assistir pela televisão é mais confortável. Dá para acompanhar melhor. Mas assistir das arquibancadas têm o seu charme. É praticamente uma comunidade de pessoas que se encontram uma vez por ano, com um interesse em comum. O ambiente, se não fosse tão bizarro, eu diria que é agradável. É uma experiência única. Ainda mais para quem gosta.
O mais engraçado é ver que tinha tanta gente perdida que eu tinha que explicar o que estava acontecendo. As pessoas deviam pensar: "Como essa menina sabe essas coisas? Não veio só para acompanhar o namorado?". Na verdade era o contrário. Ele que estava me acompanhando. Ele que me incentivou a realizar esse sonho que eu tanto queria. E ele que fez de tudo, apesar das dificuldades, para eu me divertir. Por isso estávamos tão bem preparados.
Esse ano, rapidamente me conformei em não ir de novo. Eu quero ir de novo, mas não precisava ser esse ano. Minha vida ainda está muito bagunçada. Vou assistir pela tv. Quem sabe ano que vem consigo acompanhar a temporada completa e vou no autódromo ver a decisão do campeão. Quem sabe consigo ingresso com direito a acesso aos boxes. O sonho eu realizei, mas não vou deixar de gostar de assistir corrida de carros.
Um colega de trabalho veio me fazer inveja. São poucos que gostam tanto ou mais do que eu, mas este estava muito feliz. Pagou caro pelo ingresso, mas acha que valeu a pena. Acabei por ficar feliz por ele. Vou assistir a corrida pela tv e se eu não resistir venho comentar o resultado. Não pretendo torcer pro Alonso, mas esse ano eu não tenho um favorito para torcer.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Pollyanna - A Pequena Órfã


Este livro é muito antigo. A primeira vez que eu li, era uma livro que havia sido da minha avó. Eu lembro que nesta época, eu devia ter uns 12 anos, eu pensava que todo livro devia trazer uma mudança de comportamento. Isso é difícil de explicar, então vou deixar para um outro momento. Mas adianto que isso nunca ocorreu da forma como eu imaginava.
Bom, como diz o livro, Pollyanna é uma menina que fica órfã ainda nova e vai morar na casa de uma tia que sequer conhecia e que não tem filhos.
Desta segunda vez que eu li, achei um pouco estranho as referências que Pollyanna tem já que, embora não fosse órfã até então, sempre viveu entre as mulheres da caridade. Tive um outro olhar sobre este livro que despertou sentimentos muito diferentes. Eu imagino como seja ser pobre: nunca vivi na riqueza mas já passei necessidades. Eu não tenho filhos, mas acredito que as crianças precisam ser crianças. Precisam ter tempo para brincar. E ajudar aos outros tem que fazer parte da realidade, mas não ser a única ocupação de uma criança. Não precisa fingir que não tem problemas, ou que não passam fome, mas também não precisa tirar a infância de uma criança colocando tanta responsabilidade com o compromisso com a caridade. É assustador. E eu via isso na Pollyanna, uma criança completamente comprometida com a caridade.
Bom, a Pollyanna é uma criança muito viva e cativante. Em pouco tempo ela conhece e é conhecida por cada pessoa da cidade. E dessa forma ela mexe com a vida de muita gente.
Além da infinita vontade de ajudar, outra característica cativante de Pollyanna é o seu prazer em jogar o jogo do contente. O jogo consiste em sempre pensar no lado bom das coisas por pior que elas sejam. Desta forma você sempre pode se ver contente. O perigo é que, na verdade, na maioria das vezes, o jogo do contente te leva a pensar não no lado bom das coisas mas na existência de coisas ainda piores. E essa não é uma forma boa de pensar porque você está negando o negativo. Matematicamente isso é bom, mas eu, pessoalmente, não concordo muito.
Voltando para a história da Pollyanna, ela chega a ser chata de tão repetitiva e de tão otimista. Mas a gente lê sobre pessoas que acataram com uma pequena mudança de comportamento ao jogar o jogo do contente que tiveram uma grande mudança em suas vidas.
Não é muito diferente dos livros de auto-ajuda tipo "O Segredo". Já falei um pouco sobre livros de auto-ajuda, e devo voltar a falar num outro momento. Eu considero que esta é a melhor forma de ler um livro de auto-ajuda, de forma indireta. Isso funciona bem com livros infantis, já que todas as histórias precisam de um fundo moral. Começando com os Contos de Fadas.
Voltando à história da Pollyanna, este livro teve direito à continuação. Neste primeiro livro, depois de um acidente, toda a cidade corre para visitar Pollyanna e agradecer o bem que ela fez. E então a tia descobre o quão especial pode ser aquela menina e o seu jogo do contente. No livro seguinte, o que parece uma ideia desvairada, Pollyanna muda para outra cidade, para ficar na casa da irmã de uma enfermeira que precisa de companhia e também muda a vida da comunidade com seu jogo do contente.
Tente imaginar as coisas mirabolantes que a Pollyanna imagina para ficar contente nas piores situações. Quer um exemplo: ganhar muletas em seu dia de aniversário! Solução: não precisar usá-las.

Como me Tornei Estúpido

Por este título de livro eu não dava nada. Mas eu vi um comentário de uma pessoa que leu e achei que valia a pena experimentar, afinal de contas, eu leio quase tudo.
Logo no começo, Antoine conta resumidamente sua vida até os 25 anos e justifica porque acha que o melhor para si é se tornar estúpido. Tá, eu vou contar mais, Antoine é muito inteligente e pensa que é essa consciência de tudo que o impede de ser feliz. Antoine não consegue sequer conceber a felicidade e não tem motivação para viver. Acredita que a ignorância, ou estupidez, trará alguma motivação para sua vida ou ao menos tirará a necessidade de motivação para a vida.
Bom, a primeira tentativa que faz é se tornar alcoólatra, mas para seu azar, como nunca antes tinha bebido, ao tormar meio copo de cerveja entra em coma alcoólico. Seu corpo possui uma sensibilidade ao álcool e ele não sabia.
Daí já dá pra ver que a missão de se tornar estúpido não é tão simples. Pra não contar muito mais, já que eu contei os 2 primeiros capítulos, Antoine tem mais algumas tentativas frustradas. Mas não vou contar o final.
No começo, eu achei o Antoine muito arrogante por se denominar tão inteligente. Depois fiquei com raiva da nerdice dele. Quem, para se tornar alcoólatra, busca as informações nos livros? Sim, todas as referências disponíveis na biblioteca na qual ganhou até homenagem por ser o associado que mais livros pegou.
Depois do meio do livro, eu entendi melhor. Comparando com uma população alienada e com baixos níveis de instrução e cultura, muitas vezes a vida se torna preocupante. E alguns perdem o sono. Ainda mais nesta época de eleição. Ouvimos cada coisa que não faz sentido! E Antoine se sentia assim. O tempo todo.
A consciência de Antoine que o faz se sentir tão mal não é motivo para ele não fazer nada para mudar. Antoine é derrotista e sequer cogita a hipótese de usar a sua inteligência para empregar em algo que possa erguer a população até si. Prefere nivelar por baixo, o que é mais fácil.
Os amigos de Antoine acabam sendo as peças-chave nesta história. Principalmente porque nenhum deles compartilha do mesmo sentimento e nem são extremamente inteligentes.
Outra coisa interessante é quando Antoine tenta arrumar emprego. Antoine possui vários cursos e especializações em áreas distintas. Na maioria das vezes em assuntos que ninguém mais teria interesse em conhecer.
Não busquei informações sobre o autor e nem li críticas sobre o livro, mas achei interessante.
Bom, a informação que eu quero passar sobre este livro é que sua leitura é válida. E eu ainda vou me lembrar dele por um bom tempo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Moby Dick

Assim como Pinóquio, Peter Pan, O Mágico de Oz, Os Três Mosqueteiros e Alice no País das Maravilhas, esta é uma obra que costuma ser lida na infância. Mas eu não li. E também não queria ler obras adaptadas. Confesso que a minha relação com estas obras infantis é meio estranha. Este tem sido um ano com muitas leituras atrasadas e esta foi mais uma ou a primeira do ano!
Em Moby Dick é narrado o dia-a-dia de uma tripulação de uma baleeira, cujo maior objetivo é encontrar e matar a baleia conhecida com Moby Dick. O personagem narrador descreve o cenário e a rotina que ele encara para ser aceito como tripulação, a busca por embarcações que estivessem contratando marinheiros, a convivência com os colegas, inclusive seu colega de quarto muito estranho e assustador, as intermináveis esperas em terra e as infinitas histórias contadas a bordo enquanto em busca da maior e mais traiçoeira baleia que já destruiu tantas embarcações. Eles vão percorrendo de norte a sul e de leste a oeste todos os limites de existência de baleias. E não se contentam apenas em caçar baleias, a intenção é capturar Moby Dick. A quantidade de marinheiros mutilados, sem a perna, sem o olho, sem a mão presentes na embarcação...
Em meio às descrições pessoais e das conversas durante as buscas pela baleia é possível perceber claramente que o objetivo é o desafio. Não faz parte da lógica apenas no sentido da vingança. O capitão não tem limites em sua obsessão pela captura de Moby Dick. Lá, cada um tem seu objetivo e inclusive muitos são mercenários, estão na profissão apenas para a remuneração.
Atualmente, diferente da época em que foi escrito, existe uma preocupação muito grande em torno da preservação do meio-ambiente e da preocupação com a caça predatória pelo risco de extinção de espécies. Aparentemente, esta atividade foi considerada uma atividade nobre e os profissionais envolvidos eram admirados por sua coragem. Diferentemente hoje, esta seria uma profissão marginalizada. O Greenpeace cairia em cima.
Isso foi algo impressionante para mim. Não acho que a obra tenha perdido o seu valor literário, mas acredito que o impacto que causa já não é o mesmo pela mudança do contexto atual.
Não tem nada a ver, sei que é um exemplo idiota, mas o filme "Free Willy" coloca a baleia como heroína e acabamos por torcer para a derrota dos caçadores. Isso por que o objetivo em Free Willy não é matar a baleia, e sim mantê-la presa. Em Moby Dick, a baleia é o bandido, é o ser mal que já destruiu embarcações, aleijou e matou tantos marinheiros e deve ser eliminada. É uma mudança de paradigma. Mas não é uma leitura muito agradável pelas descrições do ódio e da sede de morte.
Eu diria que Moby Dick é uma leitura clássica recomendada a qualquer momento. Para crianças, sugiro as obras adaptadas e mais curtas. Lembrando que pode ser uma das leituras indicadas em escolas. No meu caso, me abriu a mente. Trouxe uma nova percepção da preservação: a preservação humana.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Máquina do Tempo

Em 2005, eu assisti na TV aberta o filme a Máquina do Tempo. Lembro que fiquei impressionada com a criatividade do autor em criar um ambiente futurista muito diferente do que se imagina em outras obras de ficção científica. O filme que eu assisti foi uma regravação do filme feito na década de 70. Dizem que o anterior era melhor mas com uns efeitos especiais mais fraquinhos. Mas esse eu não assisti. Não achei para vender ou para alugar.
Mas o livro que deu origem ao filme já está em domínio público, disponível no projeto Gutemberg. Esse livro eu li em inglês mesmo porque não achei em português. Resisti por bastante tempo tentando achar uma edição em português, mas não achei. Um livro do mesmo autor que é possível achar em português é "A Guerra dos Mundos" que também virou filme com Tom Cruise e Dakota Fanning.
"A Máquina do Tempo" é um livro bem fininho e bastante diferente do filme. No filme, o pesquisador resolve viajar no tempo para evitar a morte de sua noiva.  E depois de sucessivas tentativas, percebe que embora possa viajar no tempo não pode mudar o destino das pessoas. Então acaba por voltar a viajar no tempo para não precisar viver junto a tudo o que lembra a pessoa que perdeu.
No livro ele não tem essa motivação. Não tem noiva. Não tem sequer nome. O narrador é um dos personagens que visita o viajante do tempo nas reuniões em que este descreve e tenta comprovar que de fato viajou no tempo. Seus visitantes, convidados a ouvir o testemunho do viajante são intelectuais: médico, jornalista, psicólogo...
O viajante descreve os efeitos da máquina e também o que encontrou nos lugares (ou no tempo) que visitou.
Essa história se passa na Inglaterra. Um período que ele visita é o ano de 802.701 (!). E descobre a formação de duas raças humanas Morlocks e Elois com características opostas (hábitos noturno/diurno, forma de alimentação carnívora/vegetariana e ocupação principal desenvolvimento físico/mental).
Como disse anteriormente, a descrição utilizada é muito diferente de outros livros de ficção. O autor não aposta no desenvolvimento tecnológico, no domínio das máquinas ou na viagem interespacial.  Não nesta época no futuro que o visitante esteve. É quase como se houvesse um retrocesso. Mas que ocorreu de forma diferente para cada raça. Habilidades como a fala estão atrofiadas. O viajante diz que entre os Elois fica impressionada com a inocência e o desapego à vida. São como carneiros de rebanhos que não correm de seus lobos ao serem atacados.
Confesso que prefiro a versão mais romantizada do filme. Mas o livro é no mínimo curioso e inédito em sua perspectiva. Fiquei um pouco frustrada por ser tão diferente do filme, mas não tive dificuldade alguma de ler em inglês. Como obra de ficção científica, só não acho melhor do que Douglas Adams. "O Guia dos Mochileiros da Galáxia" é muito bom. Mas esse é assunto para outra hora.