segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Bonequinha de Luxo

Eu escolhi comprar este livro depois de ter assistido ao filme. Mas entre eu ter assistido ao filme e ler o livro, também assisti um documentário sobre a atriz Audrey Hepburn. E uma coisa que me marcou neste documentário foi um trecho no final que comenta sobre uma discussão entre a Audrey e o autor do livro, Truman Capote, que participava da produção do filme inspirado em seu livro. A discussão era sobre a forma que a atriz escolheu interpretar a personagem principal. Embora tenha feito outros filmes de sucesso, este teve uma interpretação paradigmática para a atriz e muitas vezes é lembrado como seu melhor trabalho. Eu comento um pouco sobre a presença da Audrey, como Holly, em alguns livros e a minha curiosidade com o documentário aqui.
Considerações sobre o enredo do livro e do filme
A considerar da sinopse do livro e as informações das orelhas, a personagem Holly, que na verdade não se chama Holly, leva uma vida de pouca virtude. Para o autor, é muito claro ao longo do livro que a personagem é uma espécie de prostituta de luxo. No filme, esta é apenas uma sutil insinuação e não é colocado de forma explícita.
Considerações sobre a personagem
Holly representa bem uma figura feminista que tenta curtir a vida, e principalmente, a juventude sem estar presa a um casamento e filhos, aos desmandos dos pais ou a um emprego burocrata. Os patronos de Holly a levam para as festas e pagam suas despesas pelo prazer de sua companhia. Poderia ser apenas uma acompanhante de luxo e caça dotes. Mas a verdade é que Holly abandona as oportunidades de um bom emprego em cinema ou de um bom casamento em prol de sua liberdade. E foi esta a mensagem que Audrey entendia como a mais importante e queria que ficasse e não colocar tanta ênfase ao fato da personagem se prostituir para manter a sua liberdade. Sobre este aspecto fiquei refletindo bastante.
Considerações sobre o livro
O autor foi bastante ousado escrevendo um livro sobre a vida de uma prostituta. Mas a sociedade não teria interesse em conhecer a vida de Holly se logo estivesse claro a vida mundana que levava. O livro é bastante curto, pouco mais de 100 páginas. A edição que comprei ainda veio com 3 contos muito bons. Agora fiquei curiosa para conhecer a obra mais importante do Capote: "A Sangue Frio".
Apesar de ser a mesma história, como assisti ao filme antes de ler o livro, senti falta de algumas informações que o livro tem mas o filme passa muito rápido. E com as duas experiências vejo que foram construídas quase como se fossem independentes. A heroína de Truman Capote não é a heroína de Audrey Hepburn e por isso o autor estava tão bravo pela atriz está alterando o seu personagem.
Considerações sobre o filme
Estou deduzindo que para amenizar o choque e atrair a curiosidade do público que já havia tido acesso ao livro, o produtor colocou de forma sutil e implícita a "ocupação" de Holly. E foi por isso que a atriz discutiu com o autor: Audrey, sem ler o livro, defendia que Holly era apenas uma moça que estava tentando se encontrar e levando uma vida livre. E esta sua heroína como Audrey imaginava e como ela a defendia é lembrada como um exemplo para toda uma geração de moças. Mas considerando a diferença de linguagem entre o que é um filme e o que é um livro, e o roteiro que foi apresentado à atriz é aceitável a liberdade utilizada na construção do personagem.
A história apresentada no filme não tem nada demais para os dias de hoje e inclusive foram feitos muitos mais com a trama parecida. 
Confesso que eu só fui atrás do livro depois de conhecer o filme. E o sucesso do filme é mérito da interpretação de Audrey.
Concluindo:
Não é um Madame Bovary, não é uma história inusitada, mas considerando a época que foi publicado, apresentou toda uma forma nova de encarar a mulher. Recomendo as duas experiências para suas próprias conclusões. São poucos conflitos de livros e filmes que me fazem refletir e este ficou na minha cabeça por alguns dias.

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