quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Leviatã

Pela minha lista de leitura, dá para perceber que leio umas coisas meio estranhas. Tem uns livros de história, filosofia, administração e ciências sociais. Um pouco é por que eu gosto e um pouco é por que eu preciso. É claro que eu não entendo tudo, mas alguma coisa boa sempre me traz.
Leviatã eu resolvi ler porque tem naquela coleção de Grandes Nomes como referência na História da Administração. Eu sei que o pai da Administração é Peter Drucker, mas muita coisa começa com Weber, Maquiavel, Aristóteles e Hobbes. Eles que fizeram as descrições de Estado que ainda hoje são utilizadas. E como eu preciso continuar estudando, eu volto para as obras antigas que eu não tive tempo de ler durante a gradução e o mestrado.
Leviatã é um livro bastante instrutivo e curioso. Fez-me refletir sobre a diferença de desejo e vontade, sobre ordem e conselho e as responsabilidades apregoadas a cada conjunto de ações, para quem dá e quem recebe. A evolução dos conceitos para os sistemas de governo e a legitimidade da democracia.
Não se trata de uma leitura fácil. E muito provavelmente requererá mais do que uma leitura para uma boa absorção do conhecimento. Ainda sei muito pouco, mas tentei ler sem ficar voltando páginas para entender melhor.
Fala da importância do estado laico e da posse da terra. Fala das leis civis. Veja esta passagem:
"Expus até aqui a natureza do homem (cujo orgulho e outras paixões o obrigaram a submeter-se ao governo), juntamente com o grande poder de seu governante, ao qual comparei com o Leviatã, tirando essa comparação dos dois últimos versículos do capítulo 41 de Jó, onde Deus, após ter estabelecido o grande poder do Leviatã, lhe chamou Rei dos Soberbos. Não há nada na Terra, disse ele, que se possa comparar. Ele é feito de maneira a nunca ter medo. Ele vê todas as coisas abaixo dele, e é o Rei de todos os filhos da Soberba. Mas dado que é mortal, e sujeito à degenerescência, do mesmo modo que todas as outras criaturas terrenas, e dado que existe no céu (embora não na terra) algo de que ele deve ter medo, e cuja lei deve obedecer, vou falar no capítulo seguinte de suas doenças e das causas de sua mortalidade; e de quais as leis da natureza a que deve obedecer."
Um assunto que eu refleti bastante foi sobre a constituição de um Estado. No livro, o autor argumenta sobre as responsabilidades e os deveres dos governantes e a relação do povo com seu governante nas diferentes formas de governo. Depois de apresentar as relações dos cidadãos. Mas o que essa explanação me fez refletir foi sobre o direito de liberdade. Embora o cidadão seja livre, este não pode recusar-se a pagar um imposto por não concordar com ele sem que tenha que ser banido ou exilado; pois se não pagar os impostos e não seguir as leis de seu Estado já não possui os direitos aos serviços que são dever do Estado fornecer, certo? Isso foi um pouco de devaneio da minha parte, mas a relação da cidadania e da democracia pelo voto tem me colocado cada vez mais em dúvida. Então, embora eu tenha direito ao voto e tenha escolhido o melhor candidato, se este não for eleito, tudo o que eu posso fazer é esperar a próxima eleição. Existe compromisso entre eu e o atual governante? Eu tenho como não aceitar asua nomeação? Isso também renega o Estado.
Então, se você também costuma pensar nisso, leia Leviatã e veja as relações dos direitos e responsabilidade dos governantes, do Estado enquanto nação e dos cidadãos perante o código de leis instituído.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários, sugestões e críticas são bem vindas desde que feitos com educação. Obrigada por deixar seu comentário.