quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Elogio da Loucura

Este título de livro me deixou curiosa. O autor, Erasmo de Roterdam também. Mas o que devo esperar de elogio da loucura? Pode ser uma obra de um grande pensador ou filósofo. Mas sobre o que ele escreve?
Realmente é sobre a loucura. Ou melhor, é a loucura o elemento desta obra.
Na introdução, Erasmo avisa que a obra será um elogio da loucura como tantos outros falaram sobre tantos assuntos. E a loucura nunca antes foi tratada com tanta importância.
Na verdade, não deveria parecer um assunto tão absurdo. Entendo que tem muitas coisas mais estranhas para se falar do que a loucura, mas de fato, é inusitado.
Considero uma espécie de sátira nerd. Porque o autor escreve um elogio formal com o uso de várias palavras gregas comparando acontecimentos históricos e citando personalidades conhecidas por suas abordagens filosóficas. Não só cita Aristóteles e Platão como também Cícero. Além disso referencia várias passagens da Bíblia, tanto N.T. como A.T.. Mas o assunto não é sério. Utiliza muitas vezes de contraditório para justificar o assunto. É no mínimo curioso. Se por um lado para os estudiosos é uma obra boba, para os demais é uma obra chata. Então, a quem agrada?
Aos nerds. A todos aqueles que não são inteligentes o suficiente para estudar e compreender as obras mais sérias e também são inteligentes o suficiente para terem interesse em obras mais variadas.
Confesso que não chego a entrar neste grupo porque tive dificuldade em entender, mas acredito que valeu por ter me feito refletir sobre a loucura e todas as pessoas loucas que eu convivo e que a psicóloga que me atende diz que eu devo me acostumar com elas ao invés de tentar trazê-las para a lucidez. E principalmente me fez refletir sobre quando a psicóloga diz que, sim, é possível que eu seja normal e a maioria dos outros é que tenha distúrbios.
Estudar demais pode ser perigoso e não estudar pode ser ainda pior se perdermos com isso a capacidade de refletir.
Se a loucura fosse de fato uma pessoa ou um ser, o máximo que poderia fazer era influenciar outras pessoas. Mas da forma como é, eu não saberia dizer qual a melhor forma de definir a loucura.
Elogio à Loucura não é um livro apenas para divertir. Diverte muito pouco. Traz alguma reflexão mas não traz a tristeza como em "O Alienista" de Machado de Assis. Principalmente por que lida com a loucura com lucidez e humor. É um livro rápido, apenas 120 páginas na versão pocket, então dá para ler no ônibus, avião, metrô, sala de espera... E não precisa largar correndo.

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