sábado, 23 de março de 2019

Libertação da Terapia

Não lembro se eu cheguei a comentar sobre a Terapia. Fiz sessões de psicoterapia por anos, acho que quase 10 anos. Mas não se engane, não foi a terapia que equilibrou a minha vida. É muito passivo você aceitar um remédio e comparecer às sessões de terapia para estar melhor. Eu me recusei desde sempre tomar remédio sem um diagnóstico concreto. E a maioria dos desequilíbrios não representam doenças. Por isso não via motivo para entrar no remédio. Mas a terapia eu entendi que poderia me ajudar. E encarei por muitos anos. No começo eu chorava muito, porque não conseguia lidar com os conflitos. Ficava muito insegura pelas críticas que recebia e tinha muito dificuldade de aceitar a loucura dos outros. Ou o prejuízo que eu sofria pela loucura dos outros. E eu aprendi a aceitar. A aceitar que o problema não sou eu e que eu sou normal. Não tenho nenhum distúrbio. Os meus desequilíbrios e o meu estresse é por eu não conseguir me fechar e continuar deixando que tudo a minha volta me sugue.
Mas o mais importante é que eu quis fazer o autoconhecimento. Eu experimentei as experiências que eu achei que deveria viver para resolver que não combinava comigo. Eu comprei e tentar usar produtos que depois eu deixei largado e tive que passar pra frente. E posso garantir que hoje eu sei muito melhor o que sou eu pela minha rotina, pelos meus amigos e pelo que eu faço. E foram as minhas escolhas.
Junto com a terapia, eu li muito, sobre vários assuntos, sobre religião, sobre outras culturas, sobre psicologia e principalmente livros de auto-ajuda e sobre administração. Até romances trouxeram reflexão crítica sobre moral e individualidade. E aos poucos fui entendendo o meu lugar no mundo. Eu descobri que não quero guardar sapato em caixa, que eu não preciso comer salsicha, que eu não saio para dançar e que eu durmo de camisola.
Outro fator importante, é que eu precisava ter amigos com quem conversar que não seja a minha família e nem colegas de trabalho. Amigos que não compartilham o seu dia a dia tão intensamente. E com quem você pode falar de você só por falar. 
Uma outra coisa que ajudou foi ter o meu tempo para mim, para fazer algo por mim e que não soe como obrigação. Geralmente isso são os hobbies. Não é frescura. E não precisa ser mais do que duas horas na semana.
Nesse processo de autoconhecimento, depois que vieram os filhos e eu passei a ter muito pouco tempo, descobri que deveria investir em tudo que estivesse me sugando e tirando o tempo do que eu precisava fazer. E nisso, a opção não foi deixar de trabalhar ou abandonar um casamento, mas descobrir tudo o que eu poderia abrir mão e simplificar. Grande parte do simplificar veio em terminar projetos, terminar com as minhas listas, estabelecer metas e principalmente o minimalismo. E tudo veio vindo aos poucos.
Ano passado eu me vi na situação que, para continuar a fazer terapia eu deveria abrir mão de algum outro compromisso. E por alguns meses eu tentei ver qual seria a melhor forma de conciliar. Mas resolvi que não estava mais valendo a pena. Conversei com a terapeuta e propus interromper o tratamento. Ela já havia me "dado alta" anos atrás, mas eu achei que não aguentaria ficar sem. Tivemos uma conversa franca que eu achei que me arrependeria. Ela propôs que eu tentasse sessões eventuais quando eu sentisse necessidade. Mas depois de 6 meses, eu ainda não tinha sentido necessidade.
Fazendo o imposto de renda, me dei conta que faz 10 meses que não vou a uma sessão de terapia e não senti necessidade. Neste momento da minha vida, a terapia estava sendo mais um sugador do meu tempo. Talvez em outro momento eu volte a procurar, mas por enquanto, estou livre!

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