segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Sobre a Educação Consumista e a Educação Minimalista

Não quero defender o que é certo e o que é o errado. Eu sei como foi a educação que eu recebi e eu sei o que eu vejo que está dando certo na educação que tentamos passar aos filhos.
Foram vários os motivos que me fizeram repensar o que eu estava fazendo da minha vida. Ao descobrir que eu teria um filho eu quis repensar sobre o que eu queria passar para ele. E de tudo que eu recebi dos meus pais, eu aprendi muita coisa: seja como exemplo ou como contra-exemplo.
Ás vezes eu tenho medo de ser dura demais com ela e esperar que entenda o que eu estou passando. Sei que muitas vezes é necessário dizer não e apesar de tentar não privar de nada, quero que entenda o real valor de ter as coisas, não encare objetos como símbolos de status e nem queira ter por que fulano tem. 
Em geral, é uma criança que entra numa loja de brinquedo, vê tudo, brinca o quanto pode e quando chamo para ir embora ela aceita, não chora nem fica pedindo a loja inteira. Também não é uma criança que pede as coisas sempre que sai de casa e associa um passeio a um presente. Mas isso é a maior parte das vezes, não é sempre.
Desde pequena converso sobre os brinquedos e roupas que estou tirando para doar para outras pessoas. Faço ela entregar a sacola na escola, na igreja ou até para a prima que vai usar as roupas que eram dela. Faço questão que saiba que suas roupas e brinquedos podem não vir de lojas, mas dos armários de outras pessoas.
Outro dia percebi que ficou preocupada com o que teria que descartar para poder pedir outro brinquedo, mas conversei que não era o momento de pensar nisso. Eu dou presentes no natal, no aniversário, no dia das crianças e em qualquer outra data que me der vontade, mas eu também converso sempre sobre querer, ganhar, cuidar, guardar e ter. O valor ela não tem noção, mas varia com a situação, com o comportamento e com uma série de coisas. Também não quero que ela associe com o comportamento unicamente para se sentir sempre recompensada pelo esforço, mas também entender que algumas vezes não depende dela, mas da situação dos pais.
A minha grande preocupação é não saber cuidar dos brinquedos e quebrar. Quero que entenda que podemos transformar muitas coisas em brinquedos. Quero que saiba brincar com brinquedos de meninas e de meninos. Quero que ela não lembre que dá pra usar o telefone para se divertir ou que sempre pode se distrair com a televisão. Não gosto quando tem outras crianças por perto e ela pede para guardar os brinquedos. Falo que sempre tem que oferecer algum brinquedo para poder pedir outro emprestado. E mesmo tendo sempre um caderninho e um lápis a mão, não entrego para ela se estivermos num lugar que ela possa conviver com outras pessoas. O mais incrível é que parece que ela entende isso. E não me dá trabalho na maioria das vezes.
É muita responsabilidade esperar que uma criança tome esse tipo de decisão, mas procuro sempre perguntar para ela antes de separar alguma coisa. Oriento sobre brinquedos do mesmo tipo e peço que escolha. Algumas vezes tiramos foto para guardar de recordação. 
Um aspecto muito importante é saber comemorar as vitórias e repreender quando não há outra possibilidade. E assim vamos trabalhando pela auto estima desta criança. Felizmente encontrei muitas soluções com poucas tentativas. Parece que falamos a mesma língua e na maioria das vezes vejo que reage muito bem às minhas intervenções. Não tem um certo e um errado. Conforme vejo que ela tem discernimento sobre o que está acontecendo e quais são as opções, estimulo para que ela tenha a liberdade de avaliar e tomar a decisão. Vamos conversando sobre os aspectos para não ser uma loteria. Se for uma questão de sorte, não existe discernimento. Esse tipo de decisão funciona em pouquíssimos casos. Então resolvo por mim ou adio a tomada de decisão. Se eu não for passando essa decisão pra ela aos poucos ela não vai estar preparada para o que vai ter que encarar. Por isso preciso começar desde já com os brinquedos e os objetos pessoais.
E sendo assim, não espero que ela seja minimalista, poderia ser, mas não espero. Penso que vivenciar ter e reduzir é mais fácil do que não ter e querer viver com pouco. Então explico que é importante valorizar o que tem e aproveitar a vida. O que eu controlo são os excessos. Pode ter, mas não todos.

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