Faz de conta que eu não sou uma pessoa que por tudo fica com a consciência pesada. Enquanto estou fazendo não curto realmente porque fico tentando me convencer que foi a escolha certa, depois amargo um longo tempo com um sentimento de culpa tentando me convencer que foi uma decisão acertada e depois fico tentando achar uma maneira de me convencer que apesar do que fiz não foi um grande mal e posso recompensar. Daí está toda a cobrança que eu me faço para tudo. Por isso pretendo reduzir as minhas preocupações.
Como eu não consigo tirar férias quando eu as deveria e sempre me culpo por não poder dar o descanso que a minha filha merece, passo todo o mês de julho me desdobrando para fazer atividades proveitosas com ela depois da aula e aos finais de semana. Descobri que as outras crianças da escola fazem bem menos coisa e praticamente não têm o que contar mesmo que tenham passado o mês todo sem ir na escola.
Então nos poucos dias que consigo tirar em agosto, tento fazer algo diferente: um passeio, uma viagem, qualquer coisa do tipo. Mas em agosto ela tem aula e é péssimo fazer ela perder aula por um motivo tão esdrúxulo.
Num dos dias que seria esperado que eu estivesse de férias, resolvi deixar ela acordar um pouco mais tarde, assistir vídeo por um pouco mais de tempo, escolher uma roupa um pouco mais inusitada para ir pra escola, e fomos passear na cidade. Passamos numa loja para resolver um problema e depois fomos para o shopping passear. Entramos em lojas, experimentamos sapatos, vestidos e saímos sem quase comprar nada. Almoçamos do jeito que ela quis e ainda ganhou o sorvete que havia pedido. Não fizemos nada demais. Gostaria de ter passado muito mais tempo fazendo muito mais coisa, mas de improviso, era o que dava para fazer a tempo de levá-la para a escola e não perder aula. Depois que ela foi perguntando se ainda era de manhã e se será que as amiguinhas já estavam perguntando cadê ela, eu percebi que era só isso que ela queria: ser uma aluna como as outras que às vezes não vai na aula para aproveitar as férias. Eu já expliquei que o papai ganhava prêmio no trabalho por que não faltava e eu nunca tomei advertência por falta não justificada e isso era muito bom, mas na visão da criança, essa concessão era importante. Quando chegou à escola, a primeira pergunta que fez foi se elas já estavam com saudades dela que não foi pela manhã e se estavam felizes que ela havia chegado. Como essa fase social é importante.
Gostaria de poder fazer mais isso, mas por outro lado sei que não devo permitir que ela aprenda a lição errada. Ela não deve perder as aulas. E se eu tentar fazer de todos os dias especiais, eles passarão a ser normalmente especiais, ou seja, normais.
Quem mais ganhou com tudo isso fui eu. Aliviei um pouco o peso, mas da maneira errada.
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