Como a maioria das mulheres, eu imaginei ler "A Mulher de Trinta Anos" pouco antes de chegar aos 30. Acabei terminando de ler aos 31. Eu não sabia o que esperar. Já havia lido outros livros com personagens mais maduras. Quer dizer, fazer 30 anos não te torna madura, tem muita senhora com mais de 40, 50 e que se comporta como adolescente. Infelizmente conheço algumas. Mas justamente por ter em mente o que seria uma mulher madura, esperei que esta obra de Balzac tratasse da descoberta da maturidade.
A leitura é fácil, na forma de narração na terceira pessoa. Existem algumas passagens de tempo não conectadas. O cenário é Paris na época de Napoleão. Na primeira fase a personagem (Júlia) ainda é uma jovem adolescente com uma visão do amor idealizada e que sonha com o casamento. A época, era comum que as moças casassem com homens mais velhos, que já tivessem mais estabelecidos. Mesmo com o noivo atendendo o ideal de um bom marido que a personagem tinha, desde o começo do casamento ficou a sensação que não foi uma boa escolha. Júlia tentou viver o seu sonho, mas esqueceu que o marido não é um personagem criado por ela.
Na segunda fase, existe uma amargura por conta das frustrações e claramente aparece nos traços da personagem a maturidade adquirida como aprendizado. Apesar da passagem de tempo, em alguns momentos da história se refere a fatos que ocorreram neste período de tempo omitido da narração de forma a preencher as lacunas.
Uma coisa muito valorosa que percebo nesta obra são as possibilidades de diferentes leituras que se pode fazer da mesma situação. Claro que tem muito da sua experiência pessoal nesta interpretação, mas de uma forma geral percebo que mesmo que não seja isso tudo, traz muita reflexão.
Entre eu terminar de ler e conseguir escrever alguma coisa demorou alguns meses. Só agora, com outra leitura que me remete constantemente a "A Mulher de Trinta Anos" consigo entender melhor o que absorvi da obra.
Quando eu vejo a menina que eu era com 20 e poucos anos e a mulher que sou hoje, entendo muito dos conflitos que a personagem enfrenta. Eu tomaria outras decisões, mas felizmente eu tive o bom senso de não querer casar precipitadamente com uma impressão imatura da vida. Sinceramente, creio que muitas vezes o que determina a felicidade conjugal é "sorte" por assim dizer. Cada vez mais vejo as pessoas falando e sonhando com amor e misturam a tudo isso o casamento quando são coisas diferentes. Optar por nunca casar ou casar e não ter filhos não é o fim do mundo. Entrar num relacionamento esperando um casamento está errado e namorar sem pensar em casamento também é bobagem. E o amor? Pois é, e o amor... Já rendeu vários livros.
Bom, o livro não trata da transição. É justamente aí a passagem de tempo mais significativa.
Tem uma personagem, se eu não me engano uma tia do marido, que acaba sendo a chave para orientar a Júlia neste processo de amadurecimento. Muitas vezes é difícil considerar a mãe como o exemplo e até mesmo receber da mãe este tipo de ensinamento. Vejo que muitas vezes não somos preparados para trabalhar os nossos sentimentos. Mas é sempre bom ter uma figura que a inspira para perseguir. A postura e o comportamento da Júlia de 30 anos são muito depressivos.
Eu acabei comprando mais uma obra de Balzac que espero trazer uma outra visão deste processo de amadurecimento da mulher. Espero não me surpreender.
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