Eu não gosto de investigar sobre os livros para que a leitura me surpreenda. O que muitas vezes acaba acontecendo é eu criar uma impressão do livro que não corresponde com a realidade. Algumas vezes é completamente diferente. Mas não que seja uma decepção. Poucas vezes me parece que seja uma impressão ruim.
Os capítulos iniciais me remeteram à "Mulher de Trinta Anos". Esse sim, foi uma surpresa. Nem um pouco como eu imaginava. Mas "Madame Bovary" foi diferente.
A primeira senhora Bovary foi uma mulher ambiciosa que tomou conta de sua vida. Fez o comércio do marido dar o lucro suficiente para criar seu filho e fazer com que este tivesse uma perspectiva melhor. Por influência da mãe, o menino se tornou médico. O Doutor Bovary sempre seguiu as ordens da mãe e quando saiu de casa, a mãe encarregou de que este se mantivesse dominado por outra mulher (uma esposa, mais velha e viúva). A situação mudou pouco tempo depois com o falecimento da esposa. Pela primeira vez, o Doutor Bovary tentou pensar por si, tomar as suas decisões e logo se viu apaixonado pela filha de uma fazendeiro que foi seu primeiro paciente.
Essa pobre moça, órfã de mãe, teve a oportunidade de morar em cidade e estudar num convento. Gostaria de levar uma vida diferente daquela que estava levando na fazenda. E vê na oportunidade de casamento como uma forma de sair daquela situação. E como a Luiza de "A Mulher de Trinta Anos", forma uma perspectiva de casamento que aos poucos a vai decepcionando. Mas diferente da Luiza, não teve quem a orientasse.
Nos primeiros anos, apesar de não estar satisfeita com a vida que leva, a madame Bovary tenta se encontrar na vida de casada. Mas essa Madame Bovary vive a buscar meios para sossegar as frustrações que carrega em sua vida. Se deixa levar pelo cortejo de outros rapazes. Tenta forçar o marido a realizar ações ousadas, para as quais não tem preparo, na expectativa de ter sucesso e fama curando um deficiente. Toma várias decisões baseadas em suas emoções e por consequência passa a se sentir pressionada a adquirir coisas que não precisa, juntando às várias dívidas que também seu marido contrai pelo tempo em que fica doente e ele não pode trabalhar. Mas tudo tem como resultado maiores frustrações e infinitas dívidas. Nunca tentou conquistar a confiança do marido e sempre coloca barreiras de mentiras entre os dois.
Bom, as decisões tomadas pela Madame Bovary são questionáveis. A forma como ela se enterra em problemas e em dívidas é impressionante, mas eu entendo que ela não teve muita orientação. Eu diria até o contrário, ela teve a péssima influência de pessoas invejosas que viram na personalidade fraca do doutor Bovary e na frustração da madame Bovary uma forma de tirar vantagem da situação.
O desfecho, de certa forma pode ser considerado surpreendente.
A minha curiosidade com Madame Bovary está sanada. Não foi uma história que me cativou a ponto de eu querer ler novamente. Tem alguns aspectos sobre a moral que justifica o tanto que ele é contestado e aclamado nas listas de leitura obrigatória. Dá pra tirar uma série de interpretações com relação à essas decisões questionáveis da personalidade. Sei que existem adaptações para esta obra e, se possível, gostaria de assistir.
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