segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Capitães de Areia

Apesar de "Capitães de Areia" ser um livro bastante conhecido e muito lido, eu ainda não havia tido coragem de encarar nada de Jorge Amado. Eu lembro de ouvir alguém falando que "Jorge Amado nem era tudo isso, a emissora de televisão que gosta muito dele e fica promovendo como se fosse bom. Até para a Academia Brasileira de Letras o cara entrou por influência dela."
Filtrando o comentário, eu havia tentado ler Capitães de Areia em 2010 mas não consegui. Por algum motivo, o começo era muito diferente do que eu estava preparada para encarar e acabei deixando de lado.
Ultimamente, venho tentado fazer uma limpa nos livros e arquivos que tenho em casa e acabei pegando este para ler. Nem lembrava porque eu havia abandonado, mas foi bom, porque foi uma experiência completamente nova.
Capitães de Areia é a história de meninos abandonados, moradores das ruas que foram se unindo pelas ruas e passaram a atuar juntos, chegando em mais de cem no bando. Como meninos de rua, aplicam golpes e realizam furtos, a maioria pequenos, em Salvador. Existe todo um conflito de classes, uma realidade totalmente atual na maioria dos locais em que alguns estão procurando a fonte do problema e outros querem deixar tudo como está. 
Aparentemente, mudar de vida, ninguém quer. Não importa que as crianças tenham sido largadas, não importa que você não consiga consertar a vida de todas estas crianças, o problema não é da Polícia, o problema não é do reformatório, o problema não é a falta de assistência e o problema não é da Justiça. É tudo um grande processo de negação.
Aos poucos vamos nos apegando àquelas crianças e queremos poder entrar na história para salvar elas, mas não acredito que iria funcionar. As próprias crianças têm dificuldade de aceitar a possibilidade de mudança de vida. É tudo parte de um código de conduta entre os que são do bando e os que não são.
A narrativa não é rigorosamente cronológica, é mais um apanhado de pequenos contos com algumas passagens sobre a vida de alguns destes meninos. Claro que não dá para falar de todos.
Embora tenha algumas passagens mais realistas, por serem crianças e adolescentes entre seus 10 e 15 anos na maioria, teria sido muito proveitoso ler por volta desta idade. Claro que é muito diferente e talvez não dê para se colocar no lugar dos personagens, mas é uma forma de entender um pouco como funcionam.
Eu gostei muito da experiência, pretendo conhecer outras obras do autor e também reforço a importância de que este tipo de obra faça parte das leituras obrigatórias de vestibular.
Ainda estou com uma grande lista de leitura, não terei como resenhar todos, mas aos poucos a lista vêm diminuindo. Se quiserem sugerir alguma coisa...

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