quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A Guerra de Clara


Não chego a ter fixação por segunda guerra mundial, mas acho muito válido ler livros de guerra para não perder a noção do valor da vida e das atrocidades que o ser humano é capaz. Foi um pouco frívolo de minha parte escolher este livro pela capa, mas é fato.

Não sou de reparar muito ou criticar livros que têm pequenos erros de tradução ou ortografia; apenas quando são erros crassos, mas nesse livro, a revisão foi deprimente. Eu voltava e lia de novo e a frase não fazia sentido. Quer dizer, se eu ignorar algumas palavras da frase, consigo ler as demais e entender o que se quis dizer, mas não são nada discretos. São desagradáveis, mas tenha paciência.
A história é emocionante. Tendo sido a Polônia um dos países mais devastados por esta guerra, fico sempre surpresa com as histórias dos sobreviventes. E quantos não eram os inimigos, os conflitos. Diferentemente de Apátrida, que foi uma obra de ficção, esta é não-ficção.
Embora seja baseado num diário, e qualquer testemunho possa ser comparado com "Diário de Anne Frank", os relatos da Clara, não seguem a mesma linha e nem são tão pessoais. 
A narração segue uma ordem cronológica, com um resumo do que aconteceu no período e um trecho do diário em um dia daquele período no princípio. Acredito que não deva ter sido fácil reler todos os relatos e organizar o texto para gerar este livro. Outras duas coisas eu considerei fundamentais na leitura: a árvore genealógica da família de Clara e a planta baixa (mesmo que fora de escala) do abrigo em que estiveram.
Por não ter foco no romance, os personagens são apresentados só quando passam a fazer parte, sem retomar o passado.
Além de polonesa, Clara é judia, então o primeiro conflito foi com os russos. Depois do início da guerra, quando os alemãs invadiram a Polônia, o conflito se volta com os alemães. Mas a perseguição que os alemães pregam aos judeus coloca os próprios poloneses e demais eslavos, não judeus, contra os judeus. São vizinhos contra vizinhos e muita delação premiada. Difícil saber em quem confiar. Não só aqui, mas em muitos livros, é claro que a escolha por esconder judeus era um negócio. Em alguns momentos havia piedade, mas os judeus pagaram tudo o que tinham por uma água suja de batata, por alguns anos de cativeiro sem poder fazer barulho e sobrevivendo em condições impressionantes. Por mais dolorido que possa parecer, eu recomendo a leitura. Sinto que refletir sobre esse tipo de acontecimento nos ajuda a nos mantermos mais humanos.
Este livro foi cortesia da Lynnë ao grupo Livro Viajante. Obrigada Lynnë, espero poder retribuir.